Um dos mais importantes empresários do Brasil, Abilio Diniz, vice-presidente do conselho do Carrefour, clamou por segurança política no Brasil para que o país consiga continuar na rota do crescimento.
“No Brasil, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário funcionam, sempre funcionaram. Daqui para frente, precisa ser algo tranquilo, nada de revanchismo”, disse o bilionário.
Sem citar especificamente os atos golpistas que tomaram Brasília no dia 8 de janeiro, o empresário também afirmou que está em contato com o ministro da Defesa, José Múcio, e disse que ele tem uma postura conciliadora.
Para Diniz, a segurança política é uma das bases para que o empreendedorismo possa ser estimulado no país.
O comentário foi ecoado pelo dono da CNN Brasil e do Banco Inter, Rubens Menin; os dois dividiram um painel no evento Latin America Investment Conference (LAIC), do Credit Suisse.
Menin pediu mais união e disse que o cenário de polarização observado no Brasil de hoje é culpa de todos.
“Não vou terceirizar não, a culpa é nossa nessa desunião, de todos nós. Não só os políticos, o governo, é de todos nós”, afirmou ele.
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Abilio, o otimista
Abilio Diniz também aproveitou a ocasião para dar um voto de confiança no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e disse que o considera uma pessoa pragmática.
“Estamos em boas condições, o país tem melhorado. Precisa continuar fazendo mais do mesmo e acredito que isso vai ser feito”, afirmou.
Ele se disse otimista com o país e garantiu que sua holding de investimentos, a Península Participações, continua investindo, assim como o Carrefour.
“Vou sair daqui hoje à tarde e vou para a minha fazenda, que o Carrefour França resolveu trazer o board inteiro para fazer reunião no Brasil. Por que estão fazendo isso? Porque o Brasil é importante”, relatou.
Reforma tributária
Um dos principais temas tratados pelo novo governo, a reforma tributária capitaneada pelo economista Bernard Appy, também foi tema do painel, mas tratado com um pouco menos de otimismo por Diniz e Menin.
Apesar de ambos considerarem a reforma fundamental, há ceticismo quanto a sua amplitude.
“Acho que dificilmente sairá reforma tributária ampla, mas se der um passo ou dois é melhor que dar nenhum”, disse Menin.
Já Diniz se mostrou mais temeroso com o que deve vir da reforma.
“Tenho a impressão de que só vai ser PIS, Cofins e Imposto de Renda”, afirmou.
Para ele, é importante reformar não apenas os impostos que oneram a pessoa física, mas também o empresariado. Na sua visão, o sistema tributário brasileiro é o maior responsável pelo sucateamento da indústria e, se o novo governo quer reativar o setor, esse é um ponto que precisará ser atacado.