A MRV (MRVE3) teve um dia de alta nesta quarta-feira (8) na B3, mas será que a construtora continuará anotando ganhos no restante da semana? A resposta depende de como será a reação dos investidores e analistas ao fato de a empresa ter saído de lucro no quatro trimestre de 2021 para prejuízo nos últimos três meses do ano passado.
Divulgado na noite de ontem, o balanço mostra que a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 333,4 milhões no quarto trimestre, deixando para trás um lucro líquido de R$ 300,1 milhões no mesmo período de 2021.
O prejuízo foi atribuído ao resultado líquido negativo de R$ 301 milhões da MRV Incorporações, principal negócio do grupo, que atua no Minha Casa Minha Vida.
A receita líquida, por sua vez, chegou a R$ 1,661 bilhão nos três últimos meses de 2022, um recuo de 12,7% na base anual.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) despencou 42,9%, passando de R$ 1,419 bilhão no último trimestre de 2021 para R$ 810 milhões entre outubro e dezembro de 2022.
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MRV também enfrenta declínio da margem bruta
A MRV também lida com o declínio da margem bruta nos últimos trimestres devido ao aumento dos custos de construção de imóveis, mas sem possibilidade de correção nos contratos por se tratar de clientes já repassados aos bancos. A margem bruta da MRV no quarto trimestre de 2022 foi de 19,4% ante 22,4% um ano antes.
Por sua vez, a Resia, empresa de desenvolvimento de prédios para locação e venda nos Estados Unidos, teve resultado líquido negativo de R$ 21 milhões.
A Luggo, de locação e venda, teve prejuízo de R$ 15,7 milhões, enquanto a Urba, de loteamentos, contribuiu com lucro de R$ 4,3 milhões.
Números operacionais desapontaram
Antes do balanço, a construtora já havia divulgado os números operacionais em janeiro. E o desempenho nesse quesito desagradou analistas e investidores.
O Valor Geral de Vendas lançado — uma estimativa da receita a ser obtida com os empreendimentos — cresceu 7,3% ante o quarto trimestre de 2021 e chegou a R$ 3,48 bilhões. No consolidado anual o resultado foi uma leve queda de 3,15%, totalizando R$ 9,14 bilhões.
Já as vendas recuaram nas duas bases. A variação negativa foi maior na comparação trimestral, de 14,2%, com R$ 2,06 bilhões vendidos no 4T22. Já a queda anual foi de apenas 2,8%, com o indicador fechando o ano em R$ 7,87 bilhões.
Mas o que mais desapontou os investidores e acendeu o alerta para os analistas foi a queima de caixa de R$ 539,5 milhões nos últimos três meses do ano.
A maior parte da cifra, cerca de R$ 286,3 milhões, foi gasta na operação principal da MRV. A recuperação das margens da unidade de incorporação focada nos segmentos de baixa renda segue sendo um dos maiores desafios para a companhia.